A fechar um ciclo de 4 anos na Câmara de Coimbra, é altura de fazer um curto balanço.
Ninguém pode ser juiz em causa própria, pelo que não vou falar do nosso trabalho de oposição. Todavia, com o enquadramento legislativo atual e no intervalo do exercício das nossas profissões, acredito que cumprimos bem. Fundamentámos sempre o nosso voto e apresentámos centenas de propostas, que fomos divulgando nas redes sociais para que o povo as pudesse conhecer, visto que foram sistematicamente recusadas por esta Câmara. Para que não fiquem dúvidas, que alguns procuram levantar subliminarmente, reitero que nenhum dos vereadores do SC foi convidado para assumir algum pelouro.
Quanto ao exercício de 8 anos da coligação PS-PCP/CDU, as estatísticas falam por si. Os Censos 2021 resumem o essencial, perdemos 2600 residentes entre 2011 e 2021, enquanto Braga ganhou 11839; são milhares de famílias. Se dissecarmos estes números percebemos melhor a catástrofe demográfica que representam para o futuro de Coimbra. Segundo a PORDATA, de 2011 a 2020 os residentes em Coimbra com 80 ou mais anos aumentaram em 2421, e nem sequer temos respostas adequadas para eles, pelo que o que estamos a perder são jovens! De facto, no escalão etário dos 25 aos 34 anos, quando se procura emprego e oportunidades de vida, perdemos 6717 residentes, uma percentagem de 36%, que, no país, foi apenas de 19,7%. Temos um problema grave em Coimbra.
E porquê? Por incapacidade da Câmara de Coimbra captar investimento e de fomentar a criação de emprego. É espantoso que a bandeira dos investimentos destes 8 anos, para esta Câmara, seja a Olympus, que se limitou a mudar de freguesia, de Torre de Vilela para Antanhol; cresceu por si mesma, é positivo, mas não é uma empresa nova no concelho.
O resultado está plasmado num artigo do Prof. José Reis no Campeão das Províncias. De 2002 a 2018, Coimbra perdeu 7% dos empregos em empresas, enquanto o país cresceu 13%, a região centro cresceu 7% e os concelhos limítrofes cresceram 8%. Como refere o Prof. José Reis, é óbvio que temos um problema em Coimbra. Alguns, por demagogia, tentam confundir os inscritos nos centros de emprego com taxa de desemprego, mas são conceitos completamente distintos; basta os desempregados deslocarem-se para trabalhar noutras regiões para que o número de inscritos no centro de emprego diminua, sem que isso signifique que os empregos aumentem em Coimbra. Como já vimos, não aumentaram.
A perder população e emprego, e incapaz de exigir mais investimento público, Coimbra está em declínio evidente. Basta ver como está mal cuidada, uma realidade que as flores de estufa plantadas nas rotundas em período de canícula pré-eleitoral não esconde.
Negar a evidência não é amar Coimbra, é exatamente o contrário. Um médico que não faça um diagnóstico correto e objectivo pode matar o doente de forma negligente.
Significativamente, a 21 dias das eleições, só a coligação JSC apresentou o seu programa eleitoral de governação, a cura para a doença de Coimbra, esta cidade extraordinária. Não nos importamos que outros copiem o nosso programa. Nós estamos bem preparados para governar, com a linha de rumo traçada com a ambição e a qualidade que Coimbra merece.
Nesta última reunião, quero dirigir-me aos trabalhadores da Câmara para lhes transmitir três palavras: agradecimento, liberdade e confiança.
Agradecimento, pelo seu dedicado trabalho a esta casa pública e por toda a colaboração que sempre nos prestaram. Todas as críticas que fizemos à Câmara, e que sei que são partilhadas por muitos de vós, não foram nunca dirigidas aos seus trabalhadores, mas sim, como sempre afirmámos, à disfuncional e inepta gestão política da coligação PS-PCP/CDU.
Camões escreveu que um fraco rei faz fraca a forte gente. Todos sabemos que a Câmara de Coimbra tem um mau chefe e não um bom líder. Quem sabe alguma coisa de recursos humanos compreende a enorme diferença entre estes dois extremos.
Liberdade, porque a partir de 26 de Setembro teremos como presidente da Câmara uma pessoa humanista, dialogante, afável, profissional competente e exigente mas também compreensivo, com visão do mundo, que receberá as pessoas e os empresários.
Vai acabar o clima de medo, de injustiça e de mobbing laboral na Câmara de Coimbra. Nunca mais um trabalhador desta Câmara irá às lágrimas por ser solicitada a sua presença junto do Presidente da Câmara.
Confiança, porque como presidente da Câmara vou pedir a vossa ajuda para inovarmos e refrescarmos esta casa e trabalharmos em conjunto para a Câmara de Coimbra ser um modelo para o país, um local agradável e motivante para trabalhar, com bom ambiente, com respeito pelas competências e mérito de cada um, com a formação, os meios e as condições necessárias para darmos uma resposta rápida e de qualidade a todas as solicitações e propostas, para nunca deixarmos uma pergunta sem uma resposta ou um projeto perder atualidade, para acelerarmos Coimbra rumo ao futuro e captarmos muito mais investimento e emprego. A Lei e a ética serão escrupulosamente respeitadas, quer nos concursos internos e externos quer, por exemplo, no pagamento dos subsídios de turno que são devidos com o subsídio de Natal e de férias. Por isso assinei o compromisso de bom governo da Transparência Internacional.
Depois do dia 26 de Setembro, ainda antes de tomar posse, visitarei todos os serviços e cantos da Câmara e falarei tranquilamente tanto com dirigentes como com trabalhadores.
Conto convosco, com as vossas críticas e sugestões, e desde já vos agradeço por isso. Podem contar comigo como amigo; como pessoa, como médico e como presidente. Estarei sempre disponível para vos ouvir, responder e ajudar, em qualquer circunstância.
Finalmente, uma palavra para o povo de Coimbra, que passará a ser bem recebido nas reuniões da Câmara, sem obstáculos artificiais. Estaremos aqui para, dentro da Lei, resolver todos os problemas com celeridade. Também poderão passar a assistir às reuniões da Câmara em vossas casas, pois, porque nada temos a esconder, serão transmitidas online.
E, porque tudo será devidamente informatizado, iremos levar as reuniões da Câmara a todas as freguesias, abertas ao povo, sem a necessidade de transportar as dezenas de dossiers em papel que os funcionários da Câmara para aqui são obrigados a carregar.
Com amizade e respeito e um ‘até já’, despeço-me de todo/as, em particular do Dr. Manuel Machado, que já anunciou que não irá continuar entre nós na próxima legislatura e ao qual desejo as maiores felicidades para o futuro. Saúde e muito obrigado.